A Descoberta da Tumba de Pacal
Votan Templo das Inscrições,
Palenque Em novembro de
1952, uma notícia percorreu o mundo, surpreendendo a todos que se
interessavam por questões históricas. Nas selvas do Estado de Chiapas, no
México, havia sido descoberta uma cripta funerária, no interior de uma
pirâmide, denominada “Templo das Inscrições”, dentro da qual estavam os
restos de um corpo, identificado como sendo o corpo do soberano de Palenque,
Pacal Votan, o guerreiro sagrado. Tal fato rompia com a divisão existente até
então para classificar as pirâmides, segundo a qual as pirâmides egípcias
eram tumbas e as americanas eram templos. Foi assim que rapidamente se tornou
famosa a “Tumba de Palenque” e jornalistas, historiadores, arqueólogos e
simples curiosos vieram de todas as partes, pois entrar na pirâmide e
conhecer a cripta mortuária escondida em seu interior, era e continua sendo
uma experiência extraordinária. Tumba de
Pacal Votan, Palenque Ela está
localizada a 26 metros de profundidade em relação ao santuário superior, em
um espaço subterrâneo de sete metros de altura por nove de comprimento e
quatro de largura. O
arqueólogo
Alberto Ruz Lhuillier, responsável por tal descobrimento, encontrou
uma sala que estava ocupada quase por completo por um enorme sarcófago,
coberto por uma pedra esculpida de 3,8 por 2,2 metros e com 20 cms. de
espessura, que pesava mais de 5,5 toneladas. O monolítico sarcófago pesa
quase 15 toneladas e de nenhuma maneira poderia ter passado pelas estreitas
escadas da cripta, o que indica que foi introduzido na pirâmide enquanto a
mesma estava em obras. Em seu interior estavam não apenas os restos mortais
de Pacal Votan, como também seus tesouros, seus amuletos, retratos dele
esculpidos em relevo e também uma extraordinária máscara de jade cobrindo-lhe
o rosto. A tampa do sarcófago é uma enorme pedra de 8 metros quadrados na
qual pode ser vista uma ornamentação de caráter cosmológico, que comprova uma
grande elevação espiritual. Lapida de Pacal Votan,
Palenque O baixo relevo
apresenta em seu centro o soberano Pacal descansando sobre o monstro da
Terra. Sua expressão facial em êxtase está voltada para o céu. Abaixo da
figura de Pacal, uma enorme boca do mundo subterrâneo, representada pelas
mandíbulas de um jaguar, se dispõem a engolir o defunto. Em cima do soberano,
se eleva a árvore cósmica, em forma de cruz, cujos braços terminam com
imagens do dragão, que simboliza o sangue. Em cima desta árvore está o
pássaro celeste, uma espécie de Quetzal ou de Fênix. Suspensa nesta árvore da
vida, como uma grinalda, aparece uma serpente bicéfala. Suas bocas estão
abertas de par em par, e de seu interior emergem as cabeças de duas divindades.
Nos muros, montavam guarda figuras estilizadas dos senhores da noite. Essa
fantástica lápide esculpida, com abundância plena de simbolismos, constitui
uma das melhores realizações artísticas de todos os tempos. Na verdade, todo
o panteão maia, com seu sistema cosmológico, está resumido no magnífico baixo
relevo que adorna o sarcófago destinado ao soberano de Palenque. Esta obra,
executada com delicadeza e segurança extraordinárias, informa sobre a
organização do universo; os dias e as noites, os astros como o Sol e a Lua, a
Via Láctea, constituem o marco (em sentido estrito) desta imagem do Mundo que
se desenvolve ao redor do rei. Pacal Votan, no centro, desempenha o papel do
grande organizador do mundo dos vivos e dos mortos, atuando como o intermediário
entre o abismo de Xibalba (inferno) e a claridade celeste. Ele está suspenso
entre dois infinitos, como Senhor de um universo mítico e divino. Por intermédio
de tal obra, os maias lograram expressar boa parte de sua cosmovisão. O descobrimento
da câmara sepulcral foi o resultado de paciente trabalho de quatro anos,
realizado nas mais adversas condições, por um grupo de arqueólogos que
trabalharam sob a coordenação do arqueólogo Alberto Ruz Lhuillier, nascido na
França e naturalizado mexicano, que foi quem descobriu, no alto da pirâmide,
uma parede que dava passagem a uma escada que conduzia até a cripta. O ducto
que ia da câmara mortuária ao exterior da pirâmide, na parte superior, no
templo edificado acima, representava a técnica aperfeiçoada pelos antigos
maias para manterem-se em contato direto com os seus mortos, especialmente
aqueles seres que haviam alcançado em vida uma elevada espiritualidade, como
foi o caso do personagem cujos restos jaziam no interior da pirâmide de
Palenque, o grande sacerdote Pacal Votan, que além de governante daquele
local, tinha sido um guerreiro sagrado. Através daquele ducto, ele havia
continuado a proporcionar a seu povo orientação e ajuda. A Máscara Funerária de Jade
que Cobria o Rosto de PACAL VOTAN Máscara de Jade
de Pacal Votan, PalenqueInteiramente feita em mosaico de jade, esta máscara
funerária de 24 cms. de altura, que representa o soberano de Palenque, Pacal
Votan, (em maia Palenque significa Nah Chan Can, ou Casa da Serpente), estava
colocada sobre seu rosto. De intenso colorido, seus olhos são bolas de nácar
e a íris é de obsidiana; eles contém cerca de 200 elementos, pacientemente
reconstruídos pela equipe do Arqueólogo Alberto Ruz Lhuillier. As pupilas
pintadas conferem à máscara uma expressão fascinante. Na boca, brilhava o
amuleto da imortalidade, em forma de “T”, feito de pirita. É um amuleto
protetor, que, no calendário de 13 luas, representa o selo Vento. A letra “T”
também quer dizer TAO = verdade ou caminho. Outro símbolo encontrado foi um
palito vertical, representando o “yang”, positivo, masculino, branco, e um
palito horizontal, representando o “yin”, negativo, feminino, preto, que
representam o I Ching e, na Cabala, é a Árvore da Vida. Também foram
encontrados vários colares de contas de jade e de madrepérola e aneis da
mesma pedra em seus dedos. Um jade grande estava colocado em cada uma de suas
mãos e outro em sua boca, o que era uma prática própria dos chineses. As
contas de jade dos colares eram de diferentes formas e tamanhos: semiesféricas,
achatadas, cilíndricas, ou semelhantes a botões florais; flores abertas,
cabaças, melões, etc, sendo que uma das contas, um pouco maior do que as
outras, estava talhada em forma de animal. A máscara de
jade, os colares e demais adornos, sem dúvida são um quebra-cabeças no qual
foram deixadas muitas mensagens para serem descobertas e para que nos
descubramos a nós próprios. Estas
informações foram extraídas dos livros “Los Mayas”, de Henri Stierlin, e “Dos
Guerreros Olmecas”, de Antonio Velasco Piña, e de escritos deixados pelo
arqueólogo Alberto Ruz Lhuillier, sendo adaptadas para este texto. *Texto extraído de A Descoberta da Tumba de Pacal Votan | PAN Portugal
(pan-portugal.com) |
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